Docentes da educação básica
JUSTIFICATIVA DA OFERTA DO CURSO
Desde o ano de 2013 o IFSC - Câmpus Jaraguá do Sul, diante da solicitação da Gerência Regional de Educação, tem oferecido diversos curso de formação continuada de curta duração. A partir da oferta desses cursos tem-se observado uma demanda crescente, por parte dos professores participantes das formações, por cursos presenciais que tenham uma duração mais longa e aprofundem determinadas áreas de conhecimento. Diante disso, por meio deste projeto de curso de especialização, busca-se ampliar a oferta de formação continuada para educadores vinculados às redes públicas de ensino de Jaraguá do Sul e região na área de Ciências e Matemática. Além disso, o IFSC - Câmpus Jaraguá do Sul oferta desde 2009 o curso de Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Física, que se encontra em fase de extinção, substituído pela atual Licenciatura em Física. Assim, a oferta de um curso de especialização na área de Educação em Ciências e Matemática busca, também, atender as demandas de formação continuada dos acadêmicos egressos do curso de licenciatura do câmpus, adequando-se, desse modo, as novas determinações das Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação Inicial e Continuada de Professores (Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015, MEC/CNE/CP). A oferta de formação continuada pelas instituições de ensino que oferecem cursos superiores de formação inicial de professores, faz parte das exigências das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação Inicial e Continuada de Professores, tornando as instituições de Ensino Superior corresponsáveis pela continuidade da formação de seus egressos, bem como, dos profissionais da educação de modo geral. De acordo com o § 1º, do Art. 1º, da Resolução 2/2015, as instituições de ensino formadoras deverão promover de modo articulado e em regime de colaboração com os sistemas de ensino a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério para viabilizar o atendimento às suas especificidades nas diferentes etapas e modalidades de Educação Básica, observando as normas específicas definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) (BRASIL, 2015). A formação continuada, segundo as novas diretrizes, envolve desde os cursos de curta duração em serviço até o os cursos de especialização lato sensu e os cursos de mestrado (acadêmico e profissional) e doutorado. § 1º Em consonância com a legislação, a formação continuada envolve: I - atividades formativas organizadas pelos sistemas, redes e instituições de educação básica incluindo desenvolvimento de projetos, inovações pedagógicas, entre outros; II - atividades ou cursos de atualização, com carga horária mínima de 20 (vinte) horas e máxima de 80 (oitenta) horas, por atividades formativas diversas, direcionadas à melhoria do exercício do docente; III - atividades ou cursos de extensão, oferecida por atividades formativas diversas, em consonância com o projeto de extensão aprovado pela instituição de educação superior formadora; IV - cursos de aperfeiçoamento, com carga horária mínima de 180 (cento e oitenta) horas, por atividades formativas diversas, em consonância com o projeto pedagógico da instituição de educação superior; V - cursos de especialização lato sensu por atividades formativas diversas, em consonância com o projeto pedagógico da instituição de educação superior e de acordo com as normas e resoluções do CNE; VI - cursos de mestrado acadêmico ou profissional, por atividades formativas diversas, de acordo com o projeto pedagógico do curso/programa da instituição de educação superior, respeitadas as normas e resoluções do CNE e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Capes; VII - curso de doutorado, por atividades formativas diversas, de acordo com o projeto pedagógico do curso/programa da instituição de educação superior, respeitadas as normas e resoluções do CNE e da Capes (BRASIL, 2015). Neste contexto, outro aspecto a destacar são as metas referentes à formação continuada de professores estabelecidas no Plano Nacional de Educação - PNE (Lei nº 13.005, 25 de junho de 2014) e a respectiva Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica (Decreto nº 8.752, de 9 de maio de 2016) que busca atender as metas do PNE. De acordo com a Meta 16 do PNE, busca-se: [...] formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os (as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino (BRASIL, 2014). Entende-se, por meio da definição desta meta, que a elevação da qualidade da Educação Básica no Brasil, está intrinsecamente relacionada aos investimentos que o poder público e a sociedade façam no tocante à valorização e ao aprimoramento da formação inicial e continuada dos profissionais da educação, que necessitam de constantes possibilidades de aperfeiçoamento no que tange aos conhecimentos de sua área de atuação, aos avanços dos conhecimentos do campo educacional e as constantes mudanças científico-tecnológicas (MEC, 2014). A oferta de formação continuada de educadores, seja por meio de cursos de curta duração ou de cursos de pós-graduação, historicamente é uma necessidade das diferentes redes de ensino no país, bem como, constitui um direito dos profissionais da Educação Básica e apresenta-se como um pré-requisito para o exercício profissional. Certamente, a concretização da meta 16 do PNE passa pelos esforços dos respectivos entes federados para identificação das demandas de formação continuada e oferta da formação por parte das instituições de ensino superior pública, conforme instituído pela Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica (Decreto nº 8.752, de 9 de maio de 2016). Além disso, cabe destacar que a oferta de formação continuada para docentes das redes públicas de ensino, dentre outras atribuições, é indicada como uma das finalidades dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, conforme estabelecido na Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que criou os Institutos Federais, conforme pode ser observado nos Art. 6º e 7º a seguir: Art. 6o Os Institutos Federais têm por finalidades e características: I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; [...] VI - qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino; Art. 7o Observadas as finalidades e características definidas no art. 6o desta Lei, são objetivos dos Institutos Federais:[...] II - ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica; [...] VI - ministrar em nível de educação superior: [...] b) cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional; [...] d) cursos de pós-graduação lato sensu de aperfeiçoamento e especialização, visando à formação de especialistas nas diferentes áreas do conhecimento; [...] (BRASIL, 2008). Além da lei acima citada, cabe ressaltar a importância do papel dos Institutos Federais na oferta de formação continuada de professores das redes públicas de ensino, a lei também determina que 20% (vinte por cento) das vagas dos institutos sejam reservadas para o atendimento desta demanda, por meio da oferta de cursos de formação inicial e continuada. Nesse contexto, o curso de Especialização em Educação em Ciências e Matemática, tem como finalidade atender as demandas por formação continuada, em nível de especialização, dos docentes da região de Jaraguá do Sul e seu entorno, sobretudo dos docentes que atuam nas redes municipais e estadual, bem como, busca contribuir para o diálogo entre estado, município e União, conforme previsto pelo Plano Nacional de Educação, pelas Diretrizes Curriculares para Formação Inicial e Continuada de Professores, bem como, pela Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, que vem sendo articulada entre o Ministério da Educação (MEC) e os sistemas e redes de ensino, na busca por fortalecer a educação pública no país. O município de Jaraguá do Sul faz parte da mesorregião do norte catarinense, tem uma população aproximada de 170 mil habitantes (IBGE, 2018) e faz divisa com os municípios de Guaramirim, Schroeder, Joinville, Massaranduba, Pomerode, Blumenau, Corupá, São Bento do Sul e Campo Alegre. A rede de escolas que ofertam Educação Básica conta com 102 escolas atendidas por aproximadamente 4.344 funcionários. Considerando os números de matrículas nas escolas públicas e privadas deste município, a Educação Infantil tem 8.705 matrículas, os Anos Iniciais do Ensino Fundamental 10.839, os Anos Finais Ensino Fundamental 8.2010 e no Ensino Médio 6.212 (QEDU, 2018). Na avaliação do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2015 os anos iniciais nas escolas públicas atingiu 6,8, ultrapassando a meta estabelecida que era 6,2. Já nos anos finais, as escolas públicas atingiram 5,5 na avaliação, ficando abaixo da meta que era 5,9 (QEDU, 2018). De acordo a análise do IBGE (2018): Em 2015, os alunos dos anos iniciais da rede pública da cidade tiveram nota média de 6.8 no IDEB. Para os alunos dos anos finais, essa nota foi de 5.5. Na comparação com cidades do mesmo estado, a nota dos alunos dos anos iniciais colocava esta cidade na posição 22 de 295. Considerando a nota dos alunos dos anos finais, a posição passava a 24 de 295. A taxa de escolarização (para pessoas de 6 a 14 anos) foi de 98.3 em 2010. Isso posicionava o município na posição 155 de 295 dentre as cidades do estado e na posição 1603 de 5570 dentre as cidades do Brasil. Os resultados do município de Jaraguá do Sul no IDEB, em comparação com os resultados em nível estadual e nacional, colocam a cidade em uma posição de destaque. Todavia, se analisarmos os resultados da Prova Brasil, avaliação que compõem o IDEB, observa-se que ainda é preciso avançar, principalmente no que se refere à proficiência na área de resolução de problemas de matemática. Na avaliação dos estudantes do 5º ano, no critério de resolução de problemas de matemática, 44% dos estudantes apresentaram o resultado esperado e 27% foram avaliados com o nível avançado, 24% pouco aprendizado em 5% insuficiente. Já entre os estudantes do 9º ano observa-se uma acentuada queda nesse critério, sendo que apenas 4% atingiram o nível avançado de proficiência em resolução de problemas, 25% o nível esperado, 57% apresentaram pouco aprendizado e 12% resultado insuficiente. Nesse sentido, observa-se que ainda tem-se um longo caminho a percorrer pela rede pública de ensino do município de Jaraguá do Sul para conseguir atingir a meta de 70% de proficiência em resolução de problemas, até o ano de 2022, conforme estabelecido no Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014). Considerando o nível de formação dos professores, conforme dados respondidos por 234 docentes no questionário aplicado na Prova Brasil de 2015 e compilados pelo site QEDU, observa-se que 96% possui curso de Ensino Superior, desses 6% concluiu a menos de 2 anos, 26% concluiu entre 2 e 7 anos, 33% a mais de 8 anos, 23% a mais de 15 anos e 12% a mais de 20 anos. Observa-se uma concentração maior de docentes com relativa experiência profissional. Todavia, do total de docentes que responderam ao questionário, 20% não realizou nenhum curso de especialização após a formação inicial. A necessidade de aperfeiçoamento pessoal dos professores que atuam nas escolas do município de Jaraguá do Sul também é apontada no questionário respondido pelos docentes, sendo que 32% dos professores consideram moderada e 19% alta a necessidade de aperfeiçoamento nas práticas de ensino na disciplina em que leciona, bem como, 32% consideram moderado e 15% alto a necessidade de formação em conteúdos específicos na disciplina em que atua. Estes dados reforçam a necessidade da oferta de cursos de especialização no município de Jaraguá do Sul, que também retrata, em alguma medida, a situação de municípios menores da região do Vale do Itapocu (Barra Velha, São João do Itaperiú, Massaranduba, Guaramirim, Schroeder e Corupá), que poderiam ser beneficiados pela oferta de curso de especialização gratuita e presencial na área de Educação em Ciências e Matemática. Por fim, cabe destacar que o IFSC (Câmpus Centro e Câmpus Rau) é a única instituição pública que oferta ensino superior em Jaraguá do Sul e Vale do Itapocu. Entre as instituições de ensino superior privadas que ofertam cursos na área de Educação, observa-se um predomínio de cursos de especialização a distância. Em consulta ao portal E-mec (09/03/2018) constatou-se que apenas três cursos de especialização presenciais são oferecidos no município, sendo estes nas áreas de Arte, Letramento e Docência na Infância e Alfabetização. Fato que também reforça a necessidade de um curso de especialização presencial voltado para a formação de professores na área de Ciências e Matemática.
OBJETIVOS DO CURSO
GERAL
Propiciar um espaço de discussão, aperfeiçoamento profissional e construção de conhecimentos e habilidades aos professores da Educação Básica, com foco na pesquisa e nas práticas em Educação em Ciências e Matemática; ESPECÍFICOS ● Promover a construção de conhecimentos e habilidades sobre a docência por meio de referenciais teóricos e metodológicos advindos da pesquisa científica, sobretudo das áreas de pesquisa em Educação, Educação em Ciências e Matemática; ● Propiciar a articulação entre conhecimentos teóricos e práticos no exercício da docência na Educação Básica nas áreas de ciências, ciências da natureza e matemática; ● Estimular a construção de uma prática pedagógica norteada pela pesquisa e a reflexão sistematizada sobre o trabalho docente; ● Possibilitar a atualização e o aprofundamento de conhecimentos científicostecnológicos específicos da área de ciências, destacadamente em Biologia, Física, Química e Matemática em uma perspectiva interdisciplinar; ● Contribuir com a produção de conhecimentos na área de Educação em Ciências e Matemática, por meio do desenvolvimento de pesquisa sobre o contexto educacional, o cotidiano escolar e as práticas pedagógicas; ● Oportunizar a formação de professores especialistas para atuarem na Educação Básica e superior de forma crítica e inovadora, buscando atuar como agente de transformação do contexto socioeducacional e cultural em que atua, acompanhando os atuais desafios da educação brasileira.
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