Political-Pedagogic Project

profissionais que nas atividades agropecuárias das áreas de Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária, Administração, e afins
O Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), criado em
agosto de 2012, é uma política pública do Governo Federal que visa ampliar e efetivar
ações para orientar o desenvolvimento rural sustentável. Fruto de um intensivo debate e
construção participativa, envolvendo diferentes órgãos de governo e dos movimentos
sociais do campo e da floresta, o Planalto é o principal instrumento de execução da
Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo). Mas não é só isso. O
plano busca integrar e qualificar as diferentes políticas e programas dos dez ministérios
parceiros na sua execução. Público Beneficiário Agricultoras e agricultores, assentadas e
assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, incluindo a juventude
rural, e suas organizações econômicas, que queiram fortalecer ou modificar suas
práticas produtivas para sistemas agroecológicos ou orgânicos de produção (MDA,
2015).
A criação de um curso de pós-graduação em agroecologia no IFSC-Lages
estabelece uma relação de incentivo a execução do Plano Nacional de Agroecologia e
Produção Orgânica, na qual a qualificação de profissionais ligados aos diversos setores
agrícolas vem em muito a contribuir para o crescimento do pensamento agroecológico
com ações concretas norteando a produtividade sustentável dos agroecossistemas.
A produção agroecológica vem crescendo m Santa Catarina durante os últimos
anos, isto deve-se ao fato da maior conscientização de consumidores que buscam
alimentos com maior qualidade e, livre de agrotóxicos, bem como agricultores que
buscam atrelar boas produtividades com preservação do meio ambiente. Neste contexto
a agroecologia surge como uma forma para que os agricultores viabilizem a produção
familiar, sendo economicamente viáveis, socialmente justo e ambientalmente corretos.
Vários problemas podem ser alencados como norteadores para o aumento da
demanda pela criação de cursos voltados a construção de um modelo de produção
agrícola sustentável, entre eles, o problema imposto a partir da Revolução Verde,
que trouxe consigo uma série de consequências negativas, excluindo o produtor
familiar do avanço tecnológico, que intensificou a concentração de terras e renda,
contribuindo para o aumento do êxodo rural. Como resultado da industrialização
da agricultura, que simplificou e distanciou a produção de alimentos das bases e
conhecimentos ecológicos que os mantiveram sustentáveis durante milênios,
ocorreu o esgotamento e degradação dos recursos naturais, erosão dos solos,
assoreamento dos rios, redução drástica da biodiversidade, eliminação e
desvalorização dos conhecimentos locais e contaminação dos alimentos e do ambiente.
A crescente demanda por alimentos mais saudáveis, de melhor qualidade,
com elevado valor nutricional e produzidos em sistemas menos agressivos ao ambiente,
gerou a necessidade de se repensar o modelo de produção. Esses fatos
contribuíram para o surgimento de um novo paradigma, o da sustentabilidade, o
qual preconiza o uso equilibrado do solo e da água, a maximização das contribuições
biológicas e o incremento da biodiversidade.
O modelo proposto pela Agroecologia incorpora os saberes tradicionais, os
conhecimentos empíricos dos agricultores, acumulados através de muitas gerações,
os quais, aliados ao conhecimento científico atual, em diálogo permanente, poderão
produzir soluções técnicas, organizacionais, metodológicas em direção a uma
agricultura com padrões ambientais (respeito à natureza), econômicos (eficiência
produtiva), sociais (eficiência distributiva), culturais (respeito às culturas locais) e com
sustentabilidade forte em longo prazo.
A Agroecologia é um paradigma emergente, é uma ciência que hoje disputa
espaço no campo das ideias, no campo das técnicas, no campo das metodologias
participativas, no campo do planejamento participativo e da organização das
comunidades rurais. É transdisciplinar por excelência. Possui assim uma forte base
filosófica, fundada no holismo e na abordagem sistêmica e fundamentada também na
Ecologia Profunda. Por outro lado, apresenta uma forte base científica, fundada nos
conhecimentos da Ciência da Ecologia e da Biologia, mas também exige
conhecimentos de Matemática, Estatística, Química e Física, além das bases
necessárias da Engenharia. Sem essa base sólida, não será possível compreender as
interações da Ecologia e da Sociologia nos agroecossistemas e assim, interferir
nos sistemas produtivos com eficácia e eficiência, baseando-se em informações e
formação de qualidade. A Antropologia e a Sociologia trazem as bases para a
compreensão dos fenômenos sociais e humanos, pois a agricultura é uma
construção social e sem compreender esse fato, não será possível avançar no
desenvolvimento rural. Dessas ciências derivam boa parte dos métodos
participativos de trabalho na Agroecologia. A Economia e a Economia Ecológica
são bases importantes na compreensão dos fenômenos de mercado e comerciais, da
relação da produção agropecuária com esse mercado, assim como das externalidades
produzidas na agricultura. O resultado é a maior autonomia e independência dos
agricultores, em relação ao uso de insumos externos e de poluição de seus recursos
naturais e de outro lado, a produção de alimentos de qualidade a preços razoáveis aos
consumidores.
Os processos de mudanças sócio-ambientais orientados por uma perspectiva
de sustentabilidade e equidade social dependem diretamente de ações
relacionadas à educação. Uma nova educação rural inicia-se a partir do momento em
que começa a ser incorporado aos debates o novo anseio da sociedade rural e urbana,
com relação a um novo projeto de desenvolvimento, e na medida em que forem
buscadas orientações teóricas baseadas em um paradigma superior ao paradigma
convencional, atualmente dominante. No entanto, é pertinente afirmar que a
consolidação do processo de mudança em curso exigirá ainda o comprometimento das
instituições de ensino e de pesquisa e de desenvolvimento rural, pois a transição do
modelo agroquímico e concentrador, para estilos de agricultura com base sócioecológica
requer um urgente progresso tecnológico e um avanço do conhecimento
científico em todos os níveis e áreas.
As instituições, que oferecem cursos na área agrária, têm papel importante
na consolidação desse novo paradigma para a agricultura nacional, principalmente
para incrementar a produtividade dos agricultores familiares e camponeses de
forma ambientalmente saudável, economicamente viável, socialmente justa e
culturalmente aceitável.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina –
Câmpus Lages tem por meta participar de forma ativa desta consolidação, através do
ensino, vinculado a pesquisa e ao desenvolvimento rural (extensão). Nesse
contexto, propomos um curso de Pós-graduação Latu Sensu em Agroecologia, que
possibilite a formação de um profissional interdisciplinar, com visão sistêmica do
processo agrícola brasileiro, empreendedora, e que atue como agente do
desenvolvimento local e regional com eficiência técnica e sensibilidade para unir o
conhecimento acumulado durante gerações pelos agricultores com os
conhecimentos científicos atuais, respeitando as diferenças culturais, e integrando os
atores do processo, para que juntos construam uma agricultura com padrões ecológicos,
econômicos, sustentáveis e sociais adequados as suas próprias realidades locais.
Objetivos do curso
Objetivo geral
Formar Especialistas em Agroecologia com atitudes de sensibilidade,
compromisso social, com conhecimentos tecnológicos e científicos, com atuação
crítica e criativa na identificação e resolução de problemas individuais, grupos
sociais e comunidades. Capacitados a absorverem e desenvolverem tecnologias,
promover, orientar e administrar a utilização dos fatores de produção, visando
racionalizar a produção vegetal e animal, em harmonia com os ecossistemas,
atendendo às demandas da sociedade, comprometidos com as propostas da
agricultura familiar, do desenvolvimento local e potencializando o desenvolvimento da
Agroecologia.
Objetivos específicos
- Capacitar profissionais para a implementação e manutenção de áreas de cultivo
agroecológico sustentáveis por meio do aprofundamento de conhecimentos nesta área.
Aplicar, nas unidades rurais métodos alternativos de produção com menor impacto
ambiental;
- Identificar possibilidades de aplicação prática da ciência agroecológica na agricultura
familiar, para otimizar o uso dos recursos naturais por intermédio da integração das
atividades produtivas econômicas e de consumo;
- Contribuir para a compreensão das relações entre o meio rural e o meio urbano, como
resultante do entendimento das relações entre a agricultura familiar e a agroecologia
como atores urbanos, a partir da perspectiva do consumo de alimentos produzidos de
forma sustentável;
- Fortalecer os vínculos com a agricultura familiar, promovendo a socialização do
conhecimento construído pelos agricultores no processo de produção agroecológica,
com a comunidade escolar;
- Desenvolver um processo pedagógico que possibilite ao educando, como agente de
desenvolvimento, construir o senso crítico e a capacidade de compreensão,
intervenção e transformação da realidade, na perspectiva de desenvolver
sustentavelmente a região de atuação;
- Garantir a formação e a conduta ética que sejam base para o estabelecimento de um
comportamento profissional correto perante a sociedade;
- Proporcionar aos educandos uma formação qualificada em todo processo produtivo
agroecológico;
- Contribuir para a compreensão das relações entre o meio rural e o meio urbano,
proporcionando o desenvolvimento de relações mais estreitas entre a agricultura familiar
e a Agroecologia com atores urbanos a partir da perspectiva do consumo de
alimentos produzidos em base sócioambiental;
- Fortalecer os vínculos entre a Instituição de Ensino e o universo da agricultura
familiar, promovendo a socialização do conhecimento construído pelos agricultores
no processo de produção agroecológica com a comunidade escolar;
- Contribuir no processo de reconversão tecnológica nas unidades familiares da
região;
- Fomentar as diversas formas de organização social que visem o fortalecimento da
cooperação na agricultura familiar;
- Realizar pesquisas e estudos que contribuam para o resgate das experiências e
conhecimentos dos agricultores e também para a geração e validação de
tecnologias adaptadas à realidade da agricultura familiar, incentivando a investigação
científica;
- Promover a divulgação de conhecimentos técnicos, científicos e culturais através
do ensino, de publicações, seminários, encontros, simpósios, congressos e outras
formas de comunicação.
- Realizar pesquisas e estudos, que contribuam para o resgate das experiências e
conhecimentos dos agricultores, e também, para a geração e validação de tecnologias
adaptadas à realidade da agricultura familiar.
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