Diagnóstico ambiental com ênfase nos contaminantes emergentes de lagoas costeiras de Florianópolis/SC
parabenos; poluentes; ambientes lagunares; legislação; clima
Os parabenos são conservantes químicos comumente encontrados em
produtos de higiene pessoal, fármacos e alimentícios, inseridos no meio ambiente
através de atividades antrópicas. A qualidade dos recursos hídricos e ambientais, de
forma geral, tem ganhado maior visibilidade e com isto as incertezas quanto a
quantidade de contaminantes no meio vem gerando preocupações em relação a
segurança de sua utilização e forma de descarte. Estes compostos afetam o meio
ambiente e todos os organismos que o compõe, incluindo o ser humano. Devido ao
exposto, faz-se necessário avaliar a ocorrência do contaminante químico emergente
parabeno e as possíveis relações com a urbanização e forçantes climáticas em
ambientes lacustres subtropicais, no sul do Brasil. Para investigar a presença desses
poluentes, serão realizadas quatro campanhas de coletas, em 14 pontos de
amostragem, em triplicatas, divididos entre Lagoa Pequena e Lagoa do Peri,
importantes corpos d’água de Florianópolis/SC. Serão realizadas avaliações dos
parâmetros físico-químicos (temperatura do ar e da água; salinidade; oxigênio
dissolvido; pH) em cada campanha, para caracterização do ambiente.
Concomitantemente, será realizada coleta de amostras que serão submetidas ao
processo de extração em fase líquida e, posteriormente, análises de nutrientes (nitrito,
nitrato e nitrogênio amoniacal; ortofosfato) e pigmentos fotossintetizantes e, também,
a quantificação de parabenos, utilizando sistema de cromatografia líquida de alta
eficiência (HPLC-DAD). Os resultados obtidos até o presente momento referem-se a
Campanha I. Os parâmetros físico-químicos estiveram abaixo do limites aceitáveis
pelo CONAMA nos pontos 3, 4, 10, 11 e 12, para a OD, e nos pontos 5 e 6, para o pH.
Para a análise de nutrientes, três pontos dentre os sete amostrados, para cada Lagoa,
encontram-se fora dos parâmetros de qualidade determinados para a classe 2, sendo
estes presentes no canais extravasores. Os pontos 4 (Lagoa Pequena) e 12 (Lagoa
do Peri) foram os que se apresentaram mais impactados, devido principalmente a
ação antrópica, sendo que o primeiro encontra-se em um local de recente urbanização
e, possivelmente, de descarte de efluentes diretamente no ambiente, sem tratamento
prévio. Os resultados são bastante preocupantes, pois em todos os pontos, de ambos
os ambientes, foram encontradas concentrações de parabenos, com menor ou maior
intensidade a depender da influência antrópica. Nos pontos altamente impactados da
Lagoa Pequena e Lagoa do Peri, foram observados valores de parabenos de 5,5 e
6,9 ɳg.L-1, respectivamente. Devido à ausência de legislação sobre limites tolerados
de descarte destes efluentes, ainda há dificuldade de parametrização e normatização
acerca desta bioacumulação e de seus efeitos sobre o ambiente em estudo,
principalmente a longo prazo.