ANÁLISE DE CICLOGÊNESES EM ALTAS LATITUDES AUSTRAIS E SUA INFLUÊNCIA NA AMÉRICA DO SUL
Rastreamento automático; Interação oceano-atmosfera; Oceano Austral.
Os ciclones extratropicais (CEs) no Hemisfério Sul (HS) são os principais responsáveis pelo balanço meridional de calor e umidade entre as baixas e altas latitudes, por isso eles recebem um papel de destaque no clima deste hemisfério. Geralmente os CEs se deslocam para leste ou sudeste, contudo, o transporte de massas não se dá exclusivamente a partir das baixas para altas latitudes, podendo ocorrer também a partir da direção oposta, devido ao cinturão de baixa pressão ao redor da Antártica. Esta pesquisa apresenta uma análise sobre as trajetórias de ciclones formados em altas latitudes, identificados a partir de um método objetivo e automático de detecção. Esta pesquisa é relacionada ao projeto AnTarctic Modeling Observation System (ATMOS), liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O ATMOS consiste no estudo da interação gelo marinho-oceano-atmosfera-ondas no setor Atlântico do Oceano Austral e sua relação com o clima da América do Sul. A metodologia escolhida foi o rastreamento automático dos ciclones utilizando o software “TRACK” e dados de reanálises dos modelos CFSR/CFSv2 para o período de 1982 e 2019. Foi encontrado que os ciclones extratropicais se deslocam para norte/nordeste principalmente durante os meses de inverno e o maior deslocamento anômalo de toda a série temporal aconteceu durante atuação da fase positiva do El Niño Oscilação Sul. Este ciclone em particular foi associado a ressacas e aumento da altura de ondas entre o litoral do Rio Grande do Sul e de Santos. Fatores como variabilidade do gelo marinho antártico e atuação da fase positiva da Oscilação Antártica. Os resultados encontrados reforçam as teleconexões existentes entre o Pacífico tropical e o Atlântico e entre as altas e médias latitudes. As sub-regiões ciclogenéticas levantadas neste estudo podem ser de relevante influência no clima de ondas que atinge a costa brasileira, mesmo que a trajetória do ciclone tenha seguido o padrão de escoamento de leste/sudeste. Este trabalho desenvolveu dois produtos técnico e tecnológicos (PTT), um sistema computacional que executa o sistema TRACK e um relatório técnico destacando as condições sinóticas de ocorrência do evento extremo na região litorânea do sul do Brasil entre os dias 11 e 14 de junho de 2016.